O Diarista sente que o diário o apoia na fadiga
quotidiana ao conseguir, através dele, criar um espaço onde os seus pensamentos
se espraiam e ganham a dimensão do momento que a realidade dificilmente
consegue manter
Maria Teresa Fragata
De
facto, um diário é um instrumento pessoal, íntimo, que entra em quase total conexão
emocional com quem o redige. Tal como diz Maria Teresa Fragata, é através do
diário que se cria um espaço em que se pode fugir à realidade.
Na
verdade, eu já tive um diário. Ainda o tenho, mas já não escrevo, pois pertence
a uma altura difícil do meu passado. Por essa mesma razão, posso dizer que
concordo com a perspetiva do autor. Isto, porque, da mesma forma que Fernando
Pessoa, em alguns dos seus textos, eu utilizava o meu diário para escapar à
realidade, para me refugiar da dor dos momentos que vivia naquela altura, e ser
capaz de exprimir tudo o que sentia.
Efetivamente,
considero que um diário não tem uma estrutura definida. É apenas uma espécie de
coletânea de poemas, presos às circunstâncias do espaço e do tempo em que a
escrita se desenrola. Digo poemas, porque o que lá se redige é fruto da
intelectualização do que sentimos. Não há arte sem imaginação, sem que o real
seja imaginado de modo a exprimir-se artisticamente e a concretizar-se em arte.
Por isso o digo: um diário é arte. É uma afirmação de alguém como pessoa. Dessa
forma, as emoções expressas no diário, que foram intelectualizadas, são muito
mais autênticas do que o que realmente se sentiu. Eu mesmo trabalhava para isso,
quando escrevia no diário. Trabalhava a verdade de forma artística, para que,
quando fosse recordar o que se passou, sentisse tudo vividamente.
Concluindo,
é através do diário que se encontra a força para enfrentar o quotidiano, que se
escapa do real. Só um diarista sabe o que é sentir isso. É num diário que se
escreve um dia-a-dia que fica como memória.
Um passado que nos liberta no presente e nos prepara para o futuro.
Rúben Lindo, 12ºVC
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